28/10/2007

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Ninguém vive sem pão - Lucas 16, 19-30

Se prestarmos atenção nesta Parábola do Evangelho de Lucas em que havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino , e dava banquete todos os dias. E um pobre, chamado Lázaro que estava caído a porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico.
Fato triste e dramático. Um miserável procurando comida, ou melhor, catando comida entre os detritos como fosse um bicho. Manoel Bandeira escreveu uma poesia com esse título: O Bicho. E ele termina a poesia dizendo: "O bicho não era um cão. Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem". Voltando a Parábola enquanto o rico dava banquete todos os dias, o pobre Lázaro catava os pedaços de pão que o rico jogava ao chão após ter enxugado a boca e as mãos.
Aprendemos com essa Parábola que o abismo da terra é entre o chão e a mesa, o latão de lixo e a mesa, a calçada do supermercado e a porta de aço que separa os Lázaros de tantos alimentos, o salário mínimo e a cesta básica. Deus não tem interesse de ver seus filhos sofrendo. Não é Ele quem cria abismos para o homem. Vivemos o tempo em que o homem vai prendendo para si o que pertence aos outros.
A miséria, com a morte de ambos na Parábola ficou invertida. Na terra o Lázaro corria atrás de um pedaço de pão sujo, e no céu o rico corria atrás de uma gota de água? Não dá para se ter preferência entre morrer de fome ou morrer de sede. Mas contudo, o Lázaro ainda levou vantagem, porque morrer de fome no tempo, ainda é menos piór, do que morrer de sede na eternidade. Será que, quem tinha um banquete para todos os dias, esperava um dia ser mendigo de uma gora de água? Ninguém vive sem um pedaço de pão, mas por causa de um pedaço de pão podemos deixar de viver.
O rico está preocupado com os ricos e Deus está preocupado com os Lázaros. E a partir da preocupação deste rico, podemos entender que a situação do mundo piorou. A proporção era: seis ricos e seis Lázaros. Hoje no Brasil temos 5% de ricos e 80% de Lázaros. No mundo, hoje segundo estatísticas temos a cerca de 2,5 bilhões de pessoas vivem na pobreza; 700 milhões de pessoas estã desempregadas e 780 milhões estão desnutridas. Falta comida, roupa, remédio; mas não falta armas e bombas. Gasta-se, atualmente, por ano, no mundo, bilhões de dólares em armas. Existem, ainda, milhares de bombas atômicas, capazes de acabar com o nosso planeta. Temos outra estatística dolorosa; no Brasil, existe um proprietário com uma área de terra do tamanho dos estados do Rio de Janeiro e Sergipe, juntos.
Jesus veio para resgatar a vida. "Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância. Ter vida em abundância é comer à vontade e não guardar à vontade. Se repartimos, sobra: Todos comeram, ficaram satisfeitos, e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços que sobraram, é o que está escrito no Evangelho de Mateus 14, 20. Mas o que está acontecendo não bem o que está escrito no Evangelho de Mateus, e sim no Evangelho de Lucas 12, 18 que está escrito: Já sei o que vou fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir outros maiores; e neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens.